quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A História de um Touro

Esta é a história de um touro, que por falta de originalidade ou acaso do destino, chama-se Touro.
Por onde começar? Bem, como qualquer touro normal, Touro teve um Pai Touro e uma Mãe Vaca. Ambos viventes de uma fazenda simples de inerior. Seu pai fazia comer pasto e sua mãe produzir leite. Vida mundana e comum. Mas poucos sabiam que este Pai Touro fazia parte da coligação TCH (Touros Contra Humanos), que em segredo vinham planejando há anos derrubar a hierarquia humana.
Pena que o mesmo destino que dera ao Pai Touro um filho forte e robusto, não lhe dera tempo de vê-lo se transformar naquele grande e forte animal. Aos 3 meses, Touro via seu pai ser abatido, não sabe-se de onde, mas aquele Pai caiu como nunca havia caído antes. Olhou fundo nos olhos de seu caro filho e disse:
- Não sei quem me atingiu. Pode ter sido de um dos nossos. Pode ter sido força divina. Meu filho, independentemente de quem fora, não se esqueça, foi a mando dos homens. Eles há anos usufruem de nossa carne e utilizam nosso couro. Vingue-se, por mim.
Assim fechara os olhos e nunca mais abriu-os.

Touro cresceu, sua Mãe, assim como seu Pai, fora abatida não sabe-se de onde, e não lembra-se como. Mas Touro não fora abatido. Fora treinado. Os homens que costumavam matar todos outros Touros ao seu redor, haviam-no poupado. Ao invés de sacrificá-lo, exercitavam sua raiva contra os próprios homens.
Mas algo estranho acontecia, ao invés de sofrerem com sua ira, eles divertiam-se. Touro nunca compreendeu muito bem, e ao invés de sentir-se forte, se sentia impotente e humilhado. Setia-se como um brinquedo daqueles que mataram tantos dos seus.
Um dia ele foi a uma arena. Um lugar onde provocavam-no. Incitavam-no. Destemido, Touro não foi ao encontro de quem o chamava, e sim daqueles que riam. Sofreram muitos homens, e seu pai até ficaria orgulhoso.
Mas Touro não conhecia a ira dos homens e morreu. Antes de cerrar os olhos, ainda balbuciou algumas palavras:
-Da minha carne, eles comerão.
Do meu coro, fabriarão utensilhos inúteis.
Meu sangue foi derramado por nada e por niguém.
Ainda assim, saibam que minha carne
em suas bocas apodrecerão.
E quando o último objeto feito a partir de mim
se desfizer no mundano mundo...
Aí então esquecerão a minha dor,
e poderei partir enfim!

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