quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pessoas São Ovos

Tenho uma teoria meio contraditória. Ela se resume na comparação das pessoas com ovos.

Tem aqueles que tem uma casca duríssima, mas abriga dentro de si um exemplar único.
Esse é um tipo fascinante de ovo, ou pessoa. Você demora muito tempo tentando destruir a casca e descobre que por dentro é perfeito o ser.

Tem ovos que tem uma casca linda e sólida. Mas por dentro estão podres.
Esses são os mais comuns de se encontrar. Pessoas que se preocupam tanto em alimentar o físico que esquecem de alimentar o psíquico, e perdem a essência.

Tem o bom e velho ovo de codorna.
É tão pequeno, mas guarda um sabor único e essência própria. O tipo de pessoa que a prieira vsta te parece comum, mas no fim consegue provar que é BEM mais do que aparenta.


Mas até onde eu tenho culhão de julgar que tipo de ovo uma pessoa é?
É muito mais fácil julgar a qualidade do ovo alheio. Apontar defeitos e rachaduras nas cascas dos outros e esquecer de cuidar da sua própria.
Nós pessoas (e não mais ovos) não somos pré definidas como seres humanos. Podemos sê-los se fizermos para isso.

Eu quero 'ser' humano, e não 'ser' ovo.

sábado, 23 de abril de 2011

Um Longo Adeus

Esse é o título de um livro. Mas não haveria melhor forma de manifestar-se diante do fim. Preparara tudo. Na verdade vinha preparando desde o momento em que veio ao mundo, e parecia saber a hora exata em que partiria.
Naquela noite estava tudo estruturado. Separou seu Château Mouton-Rothschild de 1945 do ano em que a guerra havia findado.
A França não era a mesma, mas o Au Lapin Agile continuava de pé. Passara por ele aquela tarde. Já havia visitado o lugar tantas vezes, fazia inclusive parte da história dele. Havia uma foto sua nos altos de sua juventude no corredor do local. Deu um adeus para as velhas lembranças. E enquanto se dirigia para saída e suas mãos enrugadas haviam girado a maçaneta, uma lágrima escorreu de seu rosto.
Tantos amantes, tantas canções, tantos sonhos.
Fora uma jovem puritana, se transformou numa cobiçada dançarina de cabaret e acabara como uma grande filósofa. Era quase como uma Lou-Salomé com ares de uma Simone de Beauvoir.
Deixara o passado para trás mas nunca deixara de ser uma grande menina. As convenções mantinham seu ego nas alturas. Debatia face a face com os maiores gênios da humanidade. E quando não estava certa, persuadia seus adversários com um par de pernas estonteantes.
Logo seus adversários passavam a ser seus novos amantes.
E todos na cama tinham um objetivo em comum.
Mas o tempo sempre passa, e de repente suas pernas não eram tão atrativas quanto antes. E o tempo lhe ensinou a persuadir de outra forma.
Seus adversários eram amantes de suas ideias, e não de suas pernas.
De onde tirara aquele vinho?
Neuilly-sur-Seine era um lugar bem melhor antes dos artistas começarem a frequentá-lo. Seu pequeno apartamento tinha uma vista tão bela quanto a inocência de uma criança. Até hoje se culpava por não ter tido uma. Poderia ter adotado, seira altruísta, mas não o intentava. E para quem deixaria todas aquelas lembranças?
Toda mulher sempre sonha em ter filhos. Entendera ao fim da vida o porquê disso. Se deparava com o fato de não poder repassar seus bens, suas lembranças...
Tirou o pó da velha vitrola, já era noite. As estrelas começavam a cortar o sol que se punha. Observara o pôr-do-sol todos os dias desde que se mudara para lá. Era a coisa mais preciosa daquele local, e julgava esse ser o motivo do alto valor do local.
Escrevera um testamento, tudo para os pobres!
Pobres de espírito que não admirivam a poesia, que não liam com a alma, que não viam com o coração. Ou seja, tudo para o governo.
Fora irônica, aliás os anos lecionando filosofia lhe ensinaram bem a fazer isso. Seus alunos iriam ao seu enterro, e talvez até deixassem flores no seu túmulo.
Tirou o vinil autografado por Sinatra, o maior. Nunca o abrira, mas já era hora. Ajustou a velha agulha, ouviu o atrito com o disco, que gemia como uma virgem.
Aquela voz inconfundivel gritou: That's Lifeeee.
Era essa a canção, pegou uma taça do vinho que já estava aberto sobre a mesa. Abriu voluptuosamente as janelas. Despiu-se
Colocou o vestido empoirado e vermelho. A lua parecia beijá-la. Dançava conforme a canção.
E nunca se sentira tão leve.
Fechou os olhos e por um instante as rugas desapareceram, as varizes pararam de doer. A idade nem pesava tanto.
Viu todos seus amantes naquele grande salão. Todos beijavam sua mão e convidavam para uma dança.
Não abrira mais os olhos....
Mas um dia os fechara?

Não morre quem um dia bem viveu.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Perspectiva de perda

Não sei perder.
Bato o pé, reclamo, choramingo e grito. Ajo como criança.
Não gosto, não suporto e não me habituo a perder. Aprendi desde pequena a perder, e digamos que tenha faltado a algumas lições sobre perdas e danos.
Se perde a compostura, a dignidade, a paciência... Não gosto de perder.
E o pior das perdas, é se perder.

Quando não temos mais nada, não sabemos se realmente possuímos algum dia.
A auto exigência de um equilíbrio emocional, já é a perda do próprio. Perder o controle (até mesmo o da televisão). Perder alguém...

Minha mãe certa vez me disse que nunca se perde alguém, pois não é possível possuir uma pessoa. Uma pessoa não é um artefato, um souvenir. Mas isso não dá o direito delas se perderem de nós. Andar lado a lado com alguém também é uma forma subjetiva de possuir.

Há cerca de 13 anos, quando meu cachorro morreu, tive a primeira perda significativa. As perdas deixam um vazio eterno. Uma chama insaciável chamada saudade alimenta o buraco que fica.

Perder implica em decepcionar-se.
Consigo mesmo quando se perde dinheiro. Com o destinho quando se perde o rumo. Com as nuvens quando se perde o guarda-chuvas.
Algumas coisas foram criadas para serem perdidas. Guarda-chuva é uma delas.
Perdr é uma forma de aprender. Para se perder o medo da chuva, se deve perder o guarda-chuva (se quisermos seguir a ideologia de Raul Seixas).

Perdas, danos e aprendizagem. Levantar, tropeçar e cair. Ciclos que só se aprende sentindo na pele!

E sobre agir como criança, não há nada mais pleno do que ser grande com a doçura de um menino!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os peixes choram?

Me acordei hoje e fui admirar o céu. Disse alto, com o mesmo tom grave da canção, "AS NUVENS NEGRAS CHORAM".
Então descobri que não só elas choravam, mas também as folhas, as pedra, o telhado e até memo a atmosfera parecia chorar. Tudo estava em um pranto sincronizado.
E passei a olhar para mim mesma. Também chorava. Era um pranto compulsivo, quase uma explosão decontrolada dentro de mim. Adoro dias de chuva, adoro o céu cinzendo.
Adoro sair por aí pisando em poças d'água e molhando o calcanhar. Adoro encharcar meu cabelo, e mesmo tendo um guarda-chuvas prefiro não usá-lo.
Enfim, venero a chuva. E instintivamente, como se andasse lado a lado com um amigo, compertilhei as lágrimas das nuvens.
Enquanto observava as pessoas que me observavam, me deparei com uma loja de animais, e vi peixes. Eles estavam alienados a tudo aquilo. Só nadavam... Não tinham em seu rosto o mínimo de resquício de triteza. Estavam avessos a tudo. Na verdade eles nos obervavam através de seu aquário. Como se contemplassem a tristeza alheia.

Não quero "ser peixe", quero "ser humano"

Janta.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O EU lírico














Compus canções que não escrevi,
elas ficaram na memória que não existiu
e foram cantadas pela voz que não ressonou.

Ouvi melodias que não foram tocadas
(a não ser na minha cabeça)
devaniei sobre elas e assoviei pelo caminho

Os poetas líricos me acompanharam
era uma marcha em prol da sanidade
todos juntos naquela banda
tocavamos trompetes imaginarios
pelas ruas daquela cidade

E cansei das canções
cansei das palavras
as melodias me enjoaram
Desitsto,
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Meu amor é teu - Marcelo Camelo



Não consigo parar de ouvir, só pra constar ;)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Destino

"Destino diz respeito a ordem natural estabelecida do universo [...] O destino é muito usado para tentar explicar o absurdo dos acontecimentos existenciais"


E se ele fosse embora, ela iria atrás? E se ela fosse, ela estaria manipulando a ordem natural das coisas?
Sua astúcia lhe dizia onde ele estaria naquele dia, se ela fosse ao seu encontro, estaria indo longe demais?
Ela se questionou sobre o destino.. Ele trás e leva as coisas. Cabe a ela ir buscá-las?
E se para o destino agir, basta deixar as portas abertas, é do nosso direito sair porta a fora e buscá-lo?


Assim como lavamos o corpo devíamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa. - F. Pessoa


O destino é uma variável da vida. Nossas ações perante ele que definem nosso futuro.
NÓS SOMOS EXCLUSIVAMENTE OS RESPONSÁVEIS PELO NOSSO DESTINO. Interagindo com ele, ou sendo apenas meros espectadores do espetáculo.

O que você faz da sua vida. O sonhos que deixa pelo caminho. As cruzes que carrega sob os ombros, SÓ DIZEM RESPEITO AS SUAS ESCOLHAS.

Faça da sua vida o que melhor lhe agradar!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Desabafo

Solitário vs Sozinho

São duas palavrasas quais eu dou meu próprio significado

Solitário é estar sozinho entre tantos ou ter vários ao seu redor sem reconhê-los.
Sozinho é a denominação daquele que não tem ninguém, é só, e por muitas vezes considera-se abandonado.

Partindo desse pressuposto, me permiti uma auto análise. Seria eu solitária ou sozinha? Teria eu me condicionado a esta situação, ou o meio me levou a isso?

Seres inconstantes são os mais admiriváeis. Se questionam a todo instante e incansavelmente. Por fim nunca estão satisfeios com o que recebem..

Sou inconstante, e só abri esse parentes pra deixar claro que nenhuma das minhas conclusões é de fato conclusiva.

Retomando; venho desabafar porque 'conclui' que sou só, porque quero. E tenho todo direito de querer. Ainda que meus argumentos sejam falhos, estar só é questão de escolha.

A (in)certeza de que o ser amado não virá,
O dúbio da existencia de um compartilhamento,
O estar perto,
A empatia,
O ter sem cobrar...


Todas são variáveis questionáveis.
E eu que ainda sou tão criança que acredito que de repente algo irá acontecer. Alguém aparecer´e todas as questões estarão respondidas. Não haverá mais questionamento, e se houver, será redundante. Apenas pela convenção de manter o apelo do 'ser insonstante'.

"Se eu amo o meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?" (Mário Quintana)

E fui... Quintanear em céus de outono..

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Coffe Break


Gosto do amargor do café quando ele passa pela garganta.
Do arrepiar na espinha quando aquele vento traz consigo a nostalgia
Da marca que fica do lápis depois que a gente apaga o que escreveu
Das folhas secas no outono
Do peso do braço ao redor do pescoço
Daquele toque especial no rosto, cintura, pernas, seios...
Das cócegas , dos telefonemas, das mensagens de bom dia...
De ter com quem se importar e de ser importante pra alguém
De sonhar acordado e acordar sonhando...

E deste gostar sem possuir, caiu uma lágrima de vazio na xícara cheia de café...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A previsão do tempo



Chovia. Era um dia típico de outono, que assim como os outros surpreendia pela sua imprevisibilidade.
Não haviam mais folhas na calçada. Provavelmente o jardineiro já passara por ali antes de mim. O que por um certo lado poderia ser decepcionante, já que a cada dia apanhava uma nova folha para minha coleção. Tenho inumeras folhas que em sua natureza são perfeitamente simétricas.
Mas naquele dia, a natureza mostrou sua pefeição de outra forma...
Enquanto procurava entre um vão escondido mais uma espécime, ela passou. Não me notou, ainda que não quisesse ser notado. Por um momento me senti L.B. Jeffries observando cada passo sem ser percebido.

A forma com que o vento se unia a chuva e simultaneamente molhava seus cabelos, era fascinante. Então, como de sopetão, surgiram na minha cabeça todas aquelas regras geométricas e padrões numéricos que de repente se uniam naquela proporção divina.
E queria despi-la e amá-la ali mesmo, naquele instante, naquele momento... Poderia ter-lhe escrito divinas canções de amor, um poema, ou até mesmo gritado seu nome. Mas eu não o sabia.
Ainda que estivesse hipnotizado por toda aquela áurea mágica que a circundava, pude ver o quão frágil era aquele elo entre meu olhar e seus lábios, que poderia ser quebrado a qualquer instante.

Ela passava por mim como se eu não estivesse ali... Me sentia o espectador de uma obra prima. Ela parava e olhava pro céu, enquanto as gotas corriam pelo seu rosto. Não quis, e não sei o porque, abrir o guarda-chuvas. Mas na minha mente ela estava resguardada de todos os males que aquela água podia trazer. Eu poderia ser seu guarda-chuva se ela deixasse.
Reparei em tudo, memorizei cada detalhe, cada gesto, cada movimento.
Ela era minha folha. Gostaria de viver pelo resto dos meus dias dentro daquele sorriso.
Descobri que a perfeição residia no lar em que eu não viverei....

Foto: http://flic.kr/p/7isJij