segunda-feira, 13 de junho de 2011

Um velho livro poído

Acho que fazem uns 3 anos. Mas podem ser mais.
Ele estava ali jogado. Teve o fim enfadonho de um livro qualquer.
Era um romance? Na verdade nem lembro ao certo.
Era crítico. Era incógnito.

Não era tão glamuroso quando o li, mas em seus tempos aureos deveria ser algo entre a raridade e o 'must-have'.
Talvez na década de lançamento fosse o Hype, e depois tomou perfil de popular entre os outros livros.

Ou não

Pode ter sido um fracasso de vendas. Mais um "porta-poeira" na prateleira.

Isso não vem ao caso.
De fato queria falar sobre a minha relação com ele.
Ele era tão expesso que chamava atenção mesmo estando escondido em uma prateleira no fundo da biblioteca. E na verdade estava.
Seu estado físico era deplorável. Acho que por causa das mãos que o manusearam e o tempo de vida que teve ali.

Enfim, vejam-no com seus próprios olhos:


A história nem era tão boa... Mas meu 'lance' com o livro foi.

Sei lá, sempre que pego um livro pra ler, mais do que leio com ele. Criamos laços de amizade, confidência e até mesmo uma paixão.

E muitas vezes abri um livro e me encontrava com ele como a um amante...

Eu bem que avisei...

Ausência - Vinicius de Moraes

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.


Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.


Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz perenizada.



E é assim... Tái Seu Vinicius que não me deixa mentir!

sábado, 11 de junho de 2011

Amores impossíveis

Ana Carolina estava divorciada faziam 5 mesmes. Era jovem e bela, afinal casara-se cedo... Mas sua autoestima estava em baixa. Normal quando se convive 10 anos com uma pessoa e tem que redoscobrir os macetes do flerte.
Nessas horas os amigos (e somente eles) tem força, poder, capacidade e talento de revigorar a vida. Nada mais justo, Julia, sua melhor amiga desde o colegial marcou um encontro entre ela e um conhecido que se formara com ela em direito. A astuta amiga escolheu Pedro, um moço com a autoestima pior do que a de Ana, porém regada de simpatia e olhos azuis.

Ana viu ele entrando. "É ele... só pode. Não não. É demais pra mim. O Carlos era tão gordinho. Puta merda, o Carlos de novo. Abstari, abstrai... Esquece. O Carlos roncava, será que ele..."

- Oi! Memee nome é Ana, a Julia já deve ter dito ("E disse, puts... Eu gaguejei? Gaguejei. Merda. Caralho PUTA QUE PARIU!")

E depois de quebrar o gelo, veio o vinho. E depois de comer ambos ficaram estarrecidos e confortáveis. Como se olhassem na alma um do outro. Era bom.
Ela resolveu partir pro ataque. A velha e boa bulinada por baixo da mesa era infalível, ao menos 10 anos atrás.

Ela levantou tremendo a barra da calça dele. Sua perna deslizou pela paturrilha e o bico do seu scarpin era a extensão do seu desejo.

Mas ele nada. Sem reação.. Frígido. Nem ria, nem reclamava. Sequer se mexia.

Ela se enraiveceu e bicou a canela do rapaz no ato em que suas bochechas coraram de ódio.

Ele nada.

Ana pegou sua bolsa, pagou a conta e saiu com a dignidade de uma mulher confiante.

Pedro ficou confuso. Foi embora com mais insegurança e com a prótese ortopédica amassada na altura da canela....