sábado, 30 de outubro de 2010

Retardado NÃO Sentimental

"Um pouco de tristeza, uma pitada de esperança um punhado de espírito de porco. Me lembrei de Neil Gaiman."




Resolvi assumir o lado legal que tem dentro de mim. Lidar com ele, alimentá-lo, aceitá-lo, e enfim, jogá-lo ao famigerado monstro verde.

De que basta tê-lo, se ninguém mais o tem. Aquela ponta de nostalgia daqueles tempos que outrora pareceram melhores, se torna a marca de um passado que não volta. A nostalgia ao invés de tornar-se o remédio da alma, vira seu veneno.
Então, que tal pegarmos esse copo vazio e enchermos com litros de egoísmo e vaidade? Sim, os sentimentos mais valorizados , ao menos por mim. Não que isso torne alguém um vilão de novela. Não mesmo, educação é algo que independe de qualuqer outro sentimento. E em lugar nenhum prejudicar alguém te traz benefícios. Mas, ainda hão de convir comigo que não precisamos ser altruistas para sermos humanos.
Isso também não significa que saiamos por aí chutando mendigos. Ao contrário, isso viola o respeito que citei antes.
Um amiga uma vez me disse (assim como muitas outras pessoas já disseram) que eu sou sentimental demais. Já até me acostumei com a ideia, apesar de discordar dela em todos os sentidos. Sejamos realistas e honestos, os sentimentais só se FODEM, ainda que os racionais morram sozinhos.
Mas não seria melhor?
Morrer sozinho.. Sem esperar nada de ninguém. Sem criar falsas espectativas. Sem planejar romances que só são reais na sua cabeça...
Bem, não quero ser mais sentimelntal. Aliás, quem o é hoje em dia?

Como num filme sem um fim

Eram duas da manhã. Enquanto a cidade repousava, Otto observava as horas passarem da janela de seu apartamento. Não havia sido um bom dia. Tudo ao seu redor era bagunça, nada fora do comum para um rapaz da sua idade. Ainda assim, o monte de louça que engolia sua pia o assustava. E pensava ele, calmamente enquanto tomava mais um copo de café, que o prato estava sujo de arroz que comera durante o almoço, mas para quê limpá-lo?

O café começava a perder o efeito. DE repente a idéia de usá-lo de forma intravenosa parecia agradável. A chuva começava a cair, o tempo mudara tão rápido quanto as horas que estavam a passar.

Resolvera sair. Otto não era o tipo de rapaz que dirigia à noite. Mas a ideia de pegar seu Maveric e rodar pela cidade era extremamente própria para a ocasião.

Com menos de meio quilômetro rodado ele a viu. Estranhamente solitária, aquela figura feminina com curvas acentuadas lhe chamou atenção. E como não chamar? Não é todo dia que avistamos aquele tipo por aí sozinha, ainda mais na chuva.

Ao passar por ela, parou seu carro e ofereceu-lhe uma amigável carona. Não sabia para onde ela estava indo, mas também não se importava, naquele momento ele mesmo estava sem direção.

Ela aceitou a carona do jovem. E só quando entrou ele pôde perceber que ela chorava. Ao tentar indagar a direção para onde seguir, viu-se perplexo ao receber uma resposta tão vaga quanto seus pensamentos.

E seguiram. Entre esquinas e travessas trocaram olhares típicos de um flerte entre estranhos. Então, de repente ela pediu para descer. Amanhecia. Viram juntos o despertar da cidade. Com um rápido adeus ela se foi, tão rápido quanto havia chegado.

O que restou foram as lembranças e o batom que ela esquecera em seu carro.

O que restou foi o prato sujo de arroz.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Headlights

Estava cansado de estar apenas em congestionamentos irritantes. Queria ser algo mais agrssivo.
Queria se chocar tão forte contra um muro para que pudesse acordar. Despertar dos sonhos surrealistas que o dominavam. Deixar de sentir uma dor imaginária, deixar de viver uma vida de mentiras. Ver por uma ultima vez os faróis que lhe guiaram durante o caminho, e poder assim despedir-se.
Não se sentia mais, sua língua adormecera e não podia nem ao menos balbuciar o que queria. Seu desejo se perdera em sua mente. Se desejo despertava aquilo que não mais podia sentir.
Via claro as coisas ao seu redor, os faróis sempre estiveram lá. Queria apagá-los, mas eram tão claros quanto raios solares. Eram tão belos quanto longos cabelos refletindo o verão.
De tão confuso que tudo isso lhe parecia, chocou-se contra seu desejo. Foi tudo tão forte..Deixara de temer o próprio medo. E assim deixara de ver os faróis. Foi então mais um choque, mais um congestionamento.
Estava enfim realizado..