quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um longo Adeus

Sou péssima em despedidas. Acho que as escolhas sempre te levam a deixar algo de bom pra trás. Sejam amigos, rotinas ou tempo.
Os amigos inevitavelmente acabam, ficando pra trás, sejam na presença diária ou na companhia imaginária. Aqueles que se alimentava a esperança de 'pechar' no meio do caminho.
As rotinas quase que automáticas de seguir certos caminhos todos os dias. Você se acostuma com as rotinas, e largá-las não é tão fácil. Ao contrário do que se diz, elas são boas. Ver as mesmas caras cada dia envelhecendo mais, como os olhos que as veem.

O tempo...
Esse a gente deixa pra trás com a sensação negativa de tê-lo perdido.
Não é fácil aprender a jogar, principalmente quando outras cisas estão em risco.

Jogo com o presente apostando o futuro, e nem sempre a mesa está a meu favor.

Mas pelo menos eu joguei, e posso dizer que na maioria das apostas eu sai(rei) vencedora.

Adeus hoje, olá amanhã.....

sábado, 20 de agosto de 2011

As Portas do teu armário

Todas abertas. Seus conteúdos espalhados pelo chão. Um som estridente do vento que sopra lá fora.
O que houve?
Por que faz tanto frio?
Por que me corpo e o teu não se fundem?

As roupas todas no chão, só assim consigo ver melhor por dentro das portas do teu armário...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Não apenas mais um erro.

"Relações são feitas pra se relacionar".

De que adianta ter, se colocamos tudo em risco.. Se pomos tudo a perder...

Eu costumava ser mais confiante, sempre digo isso. Mas acho que de tanto levar pedradas na cabeça, ela rachou. Ultimamente tenho cometido loucuras.
E não são minhas loucuras rotineiras.
São loucuras piores. Me rebaixo ao pior nível do ser humano: O nível patético do viciado, aquele que faz qualquer coisa parase entorpecer mais um pouco.

Te procuro pelos cantos da casa. Embaixo do carpete. Atrás do armário. Sob o edredon.
Mendigo teu amor em sonho e vida real.
Quero que leias minha mente... Quero que mapeies meu corpo... Que me alucines e não me faça voltar para a vida real. Porque a vida real é tão sem graçã quando não estás por perto.

Dentre todas as coisas que tenho feito, estragar-nos tem sido quase uma peripécia constante.

O que acontece depois?




quinta-feira, 21 de julho de 2011

Amizades Atemporais

Aos meus amigos


Encontro diariamente vestigios da nossa amizade amontoados nos cantos empoirados da prateleira. As cartas, emails, fotos, lembranças...
Abri antigas caixas e chorei de tanto rir. Li escritos antigos e lembrei de amores passados. Vocês estavam lá em ambos os pólos da minha sanidade mental.
Eu faço uso da licença poética de Vinicius de Moraes, e digo:
"
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que
permite que o objeto dela se divida em outros afetos,
enquanto
o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que
tivessem morrido todos os meus amores,
mas
enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos
e o quanto minha vida depende de suas existências ...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.

Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso
lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem
que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.

E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não
tem noção de como me são necessários,
de como são
indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles
fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí,
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que,
sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.

E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda
furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo
comigo,
todos os meus amigos, e, principalmente,
os que só
desconfiam
- ou talvez nunca vão saber -
que são meus amigos!

"

Mal pude responder decentemente os sms's que recebi ontem. E vergonhosamente não retornei outros emails, não procurei seus telefones e me culpo. Mas me sinto feliz, ainda que acuada na minha própria vergonha, pois os levo no coração.
De onde ninguém há de tirar. Não importa o tempo que passe.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Analogias de Puta Velha

- Os Cheiros


"- Se ficas três dias sem tomar banho, tua buceta chama mais freguês." - Ela disse, e tinha anos de experiência como embasamento.

- Desde quando a higiene intima determina a quantidade dinheiro que vais ganhar? - Perguntei inocentemente.

"- Puta não pode ser cheirosa. A buceta limpa fica pra mulher, namorada. A essa o homem tem vontade de dar prazer. Puta é puta. Somos só o colchão do desabrigado. A fuga do inocente. E minha cara, o homem antes de ser homem, é animal. Ele gosta de cheiro. Ele fareja a presa que deseja apanhar. Aí tu se pergunta se não me entojo do cheiro deles no meu corpo... Não tenho escolha.
Homem gosta do cheiro do adversário. Homem gosta de saber que meteram antes ali, pra ir lá e meter por cima. Um fregues nunca pergunta se teus dentes estão escovados antes de enfiar o pau pela tua goela. Ele vai lá e faz. Cu sujo? Ele nem se importa.
Homem é bicho e gosta do habitat natural. Gosta de se sentir selvagem. Salvo excessões, mas esses preferem os travecos.
Se tem uma coisa que aprendi nessa profissão foi a ser puta. Um executivo aprende a andar de sapato e terno, a puta aprende a ser puta.
É como escrever um livro e jogar as paginas anteriores fora. A marca das folhas fica lá. O cheiro do homem anterior no meu corpo fica ali, até o próximo chegar e marcar território.
Não gosto de ser puta, mas escuta minhas analogias de puta velha...."

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cartas a um Desconhecido V

O Saudosista.

Olá, quanto tempo?
Bom, não queria ter passado tantos meses longe. Queria lhe abraçar mais vezes, te beijar as têmporas e antes que fôssemos embora mandar um beijo para sua mãe.
Pois é, não conheço a tua mãe. Mas dizem que ela pode fazer bolinhos de chuva incríveis.

Nunca comi bolinhos de chuva.

Quero ser direta. E não sou isso muitas vezes. Queria te dizer que antes eu não sabia, depois não tinha certeza e agora desconfio. Acho que sou insegura demais né?
Fui fundo demais. Lembra o que ele disse aquela vez que te liguei? Eu uso pra mim agora.
Tenho um amigo como ele. Sim, um novo amigo.

Não sei se tenho amigos ou extensões minhas. Quando choram, eu choro, quando riem, eu rio.

E os amores?
Você lembra daquele rapaz?
Enfim, ele me faz mais feliz do qualquer um já fez ou fará...

Não quero perdê-lo, mas encontrá-lo cada vez mais em mim.



Sou tão profunda que às vezes me esqueço de nadar e me afogo nas minhas próprias palavras.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Insônia

Todos os dias 2 horas antes do celular gritar ela estava de olhos abertos encarando o forro de seu apartamento. Havia pincelado-o a mão e agora aqueles arabescos eram sua companhia matinal.
Um inferno particular.
Chegava antes mesmo das portas de seu serviço estarem abertas.
Não dormia, não sonhava.

Até o dia em que o encontrou.

Encontrou porque o procurava.
Haviam se batido na saída da catraca do trem, e desde então ela frenquentava a estação e ficava sentada, esperando vê-lo novamente. Não sabia se ele era casado, mas no fundo não se importava. Só precisava do nome.
Um ano depois já tinha insônia. Tomava chás belgas que diziam fazer dormir, pílulas roxas, rosas e amarelas que prometiam a volta do sono e copos de leite morno... Litros de leite morno.
Mas nada.
Ela ficava de olhos abertos olhando os arabescos no forro.
Havia pintado eles um ano antes, quando encontrou o moreno de olhos verdes. Ele não era muito bonito; a não ser pelos olhos brilhantes que podiam ser vistos no escuro, não tinha nada de especial. Ela havia sonhado com arabescos, foi lá e pintou-os.
Deixou de sonhar.
Volta e meia pegava seu casaco preto e saia a zanzar pelas madrugadas frias de Porto Alegre. Alguns 'amigos' diziam que ela havia pirado. E pior, sem razão.
Não sabiam do moço, do sonho ou sequer dos arabescos. Ninguém entrava em seu quarto.
...
........
Encontrou, encontrou porque procurava.
Olhou em seus olhos e disse:
- Finalmente te encontrei! - Suspirou e lhe deu um beijo.
Um simples beijo, apenas um encostar de lábios. O suficiente para fazer escorrer uma lágrima de seu olho direito.

Ele riu. Nada respondeu.
Como no dia em que se pecharam. Ficaram cerca de dois minutos olhando um no olho do outro e nada.
E quando alcançavam a intimidade num olhar novamente, das costas de seu amado surgiram dois oficiais de justiça que o algemaram. Preso por tráfico internacional de drogas.
Ela riu. Voltou a sonhar e dormir.
Sabia que agora podia encontrá-lo sempre que quisesse.



Isso se ele não saísse em condicional... Aí seria um problema.