sexta-feira, 1 de abril de 2011

A previsão do tempo



Chovia. Era um dia típico de outono, que assim como os outros surpreendia pela sua imprevisibilidade.
Não haviam mais folhas na calçada. Provavelmente o jardineiro já passara por ali antes de mim. O que por um certo lado poderia ser decepcionante, já que a cada dia apanhava uma nova folha para minha coleção. Tenho inumeras folhas que em sua natureza são perfeitamente simétricas.
Mas naquele dia, a natureza mostrou sua pefeição de outra forma...
Enquanto procurava entre um vão escondido mais uma espécime, ela passou. Não me notou, ainda que não quisesse ser notado. Por um momento me senti L.B. Jeffries observando cada passo sem ser percebido.

A forma com que o vento se unia a chuva e simultaneamente molhava seus cabelos, era fascinante. Então, como de sopetão, surgiram na minha cabeça todas aquelas regras geométricas e padrões numéricos que de repente se uniam naquela proporção divina.
E queria despi-la e amá-la ali mesmo, naquele instante, naquele momento... Poderia ter-lhe escrito divinas canções de amor, um poema, ou até mesmo gritado seu nome. Mas eu não o sabia.
Ainda que estivesse hipnotizado por toda aquela áurea mágica que a circundava, pude ver o quão frágil era aquele elo entre meu olhar e seus lábios, que poderia ser quebrado a qualquer instante.

Ela passava por mim como se eu não estivesse ali... Me sentia o espectador de uma obra prima. Ela parava e olhava pro céu, enquanto as gotas corriam pelo seu rosto. Não quis, e não sei o porque, abrir o guarda-chuvas. Mas na minha mente ela estava resguardada de todos os males que aquela água podia trazer. Eu poderia ser seu guarda-chuva se ela deixasse.
Reparei em tudo, memorizei cada detalhe, cada gesto, cada movimento.
Ela era minha folha. Gostaria de viver pelo resto dos meus dias dentro daquele sorriso.
Descobri que a perfeição residia no lar em que eu não viverei....

Foto: http://flic.kr/p/7isJij

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