terça-feira, 19 de abril de 2011

Perspectiva de perda

Não sei perder.
Bato o pé, reclamo, choramingo e grito. Ajo como criança.
Não gosto, não suporto e não me habituo a perder. Aprendi desde pequena a perder, e digamos que tenha faltado a algumas lições sobre perdas e danos.
Se perde a compostura, a dignidade, a paciência... Não gosto de perder.
E o pior das perdas, é se perder.

Quando não temos mais nada, não sabemos se realmente possuímos algum dia.
A auto exigência de um equilíbrio emocional, já é a perda do próprio. Perder o controle (até mesmo o da televisão). Perder alguém...

Minha mãe certa vez me disse que nunca se perde alguém, pois não é possível possuir uma pessoa. Uma pessoa não é um artefato, um souvenir. Mas isso não dá o direito delas se perderem de nós. Andar lado a lado com alguém também é uma forma subjetiva de possuir.

Há cerca de 13 anos, quando meu cachorro morreu, tive a primeira perda significativa. As perdas deixam um vazio eterno. Uma chama insaciável chamada saudade alimenta o buraco que fica.

Perder implica em decepcionar-se.
Consigo mesmo quando se perde dinheiro. Com o destinho quando se perde o rumo. Com as nuvens quando se perde o guarda-chuvas.
Algumas coisas foram criadas para serem perdidas. Guarda-chuva é uma delas.
Perdr é uma forma de aprender. Para se perder o medo da chuva, se deve perder o guarda-chuva (se quisermos seguir a ideologia de Raul Seixas).

Perdas, danos e aprendizagem. Levantar, tropeçar e cair. Ciclos que só se aprende sentindo na pele!

E sobre agir como criança, não há nada mais pleno do que ser grande com a doçura de um menino!

Um comentário:

  1. Além do guarda-chuvas, também sou campeão em perder bonés! Se bem que tenho recuperado alguns, ultimamente. Beijokas!

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