segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lembra-te?

Creio que vou subir,
Creio que posso ir bem alto —
As contas de metal ardente voam, e eu, amor, eu

Sou uma virgem pura
De acetileno
Acompanhada de rosas,

De beijos, de querubins,
Do que venham a ser essas coisas rosadas.
Não tu, nem ele

Não ele, nem ele
(Eu toda a dissolver-me, anágua de puta velha) —
Ao Paraíso.

(Sylvia Plath)



Existem histórias de que me lembro bem. Uma delas, vale a pena citar aqui. Se tu cres que é real, engana-se. Mas mentira também não é. Aconteceu, e tal como desenrolou-se, tornou-se invenção. Mas nem por isso deixou de existir.
Essa história é sobre lembranças. Se passa em uma memória vanguardista de uns 30 e tantos anos atrás.
Ela se recorda eternamente. Ele passa a vida tentando esquecer. Cada um tem sua versão de um tempo que não volta.
Quem dera houvesse sido bom para ambos. Um encontro casual. Juventude perdida. Nada como um olhar para fazer daquela noite a mais memorável.
Não que tenha sido uma noite anormal. Mas um sorriso meia-boca e uma dose de whisky revelou o segredo debaixo de quilos de tecido. Logo não havia mais whisky... Logo não havia mais tecido.
E ardia a chama. Chama que queimava como o pecador no paraíso. Doía na alma mas fazia bem ao coração.
Na verdade nem havia coração.. Este já havia queimado e se tornado cinza em meio aos lençóis.

Ao fim de tudo não restara nada. Logo não havia mais whisky... Logo não havia mais tecido.
Ela passa seus dias teimando em esquecer. Ele recorda-se até o fim de seus dias...

Um comentário:

  1. É errado não estar sempre alegre?
    Não, não é errado – mas eu deveria acrescentar
    Como pode alguém tão jovem
    Cantar palavras tão tristes?
    ( ... ) faça uma reverência e dê um chute nesse mundo, bem no saco, querida
    ( ...) jogue seu trabalho de casa no fogo e dê um chute nesse mundo, bem no saco, querida

    ( The Smiths )

    O mundo sempre vai querer te fazer chorar, mas se você chutá-lo bem no saco...

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