sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Quer ouvir minha teoria?



- Quer ouvir minha teoria?

- Claro.
- Você e eu temos um talento especial, percebi isso logo de cara.
- Me conta.
- Nós somos as pessoas substitutas.
- Os substitutos...
- Fui uma substituta a vida toda. Não sou uma "Ellen",nunca quis ser uma Ellen. Também não sou uma Cindy, embora o Chuck me ame.
- Tenho certeza que sim.
- Gosto de ficar sozinha. Quer dizer, estou com um cara casado com a carreira acadêmica. Raramente o vejo, sou a substituta lá. Gosto disso assim, é muito menos pressão.
- Não estou acostumado a garotas como você.
- É porque sou única.

- Não há nada melhor do que decidir na sua vida que as coisas talvez sejam mesmo aquilo que aparentam, preto no branco. Esse tal de Ben, que claramente não te leva a sério, que se aproveita de você, é mau! E o que estou falando é bom, entende o que quero dizer? Você não devia ser a substituta de ninguém. Esse cara devia estar aqui, agora, fazendo isso.
- Talvez.
- Ele tem sorte de eu não ser a pessoa certa pra você.
- Eu sei porque você não é, mas me diga, pra que eu possa ver pela sua perspectiva.
- Eu sei o que você merece.
- O que eu mereço?
- Você merece um cara que diga (pega o papel com os votos de casamento que está à sua frente e começa a ler o texto): "Não posso imaginar um mundo sem você. Abriremos uma vinícola quando tivermos 70 anos. Faremos snowboard em dezembro e depois levaremos nossos filhos. E sempre teremos os Lexus vermelhos com as placas Chuck e Cindy". (ambos começam a rir antes dele completar, sério novamente). Você merece tudo isso, e mais.

- Diga logo que me ama, e acabe com isso.
- Claire, só vou dizer isso porque você merece. Não é fácil pra mim, mas lá vai. Há 4 dias fiz uma grande companhia de sapatos americana perder 1 bilhão de dólares. E, até amanhã à tarde, todos saberão disso. Alguma reportagem será publicada me apontando como o fracasso mais espetacular na história da minha profissão, que é só o que eu sei fazer. E estou aqui todo esse tempo tentando ser responsável e charmoso, e estar à altura desse sucesso que não existe. Só o que realmente quero é não estar aqui. Me desculpe. Tenho um encontro horrível marcado com o destino. Esse é o meu segredo. É assim que sou.
- Só isso?
- Sim, só isso.
- Sinto muito. Achei que uma pequena parte de você ficaria triste ao me ver partir, mas acho que é tudo por causa do sapato.
- Claro que estou triste por sua causa. Só que isso é um pouco maior que você e eu. A propósito, eu não disse milhão. Eu disse bilhão. Um bilhão de dólares. Isso são muitos milhões.
- E daí? Você fracassou.
- Não, você não entende.
- Tudo bem, você fracassou. Fracassou, fracassou, fracassou. Acha que eu ligo pra isso? Eu compreendo. Você é um artista, cara. Sua função é ultrapassar barreiras, não aceitar a culpa e os aplausos e dizer: "Obrigado, sou um fracassado, agora vou embora". E daí?
- Eu não quero chorar.
- Quer ser mesmo grande? Então tenha a coragem de cair e ficar por perto. Faça-os imaginar porque ainda está sorrindo. Isso é a verdadeira grandeza pra mim. Mas... não preste atenção no que eu digo, sou uma Claire.
- Bem... obrigado, Claire.
- De nada. Agora você pode parar de tentar terminar comigo? Você está sempre tentando terminar comigo e não estamos nem namorando.
- Eu sei. Espere. Não estamos?
- Claro que não. Somos os substitutos, lembra?
Trechos extraídos do filme "Tudo acontece em Elizabethtown".


Não sei bem porque, mas tenho a teoria de que somos substitutos

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