domingo, 13 de junho de 2010

Cartas a um desconhecido

"Even if you cannot hear my voice
I'll be right beside you dear"...


Olá,

Mesmo não sabendo exatamente quem você é, o que você faz ou com quem você se relaciona, tenha certeza que sei mais sobre você do que você sequer possa imaginar.
Sei que é estranho, mas falar sobre alguém é mais complicado do que parece. Falar sua profissão, sua aparência, falar sobre suas tarefas e seus objetivos é facil. Mas quem você realmente é?
Você é o que parece, ou assim como eu não passa de uma confusão ordenada.
Posso falar sobre seus temores, pois sei que os sente assim como eu.
A incerteza dos dias que se seguirão confunde a todos nós.
Fazemos planos para um amanhã que talvez nunca chegue. Pensamos no almoço de quinta-feira na segunda, sendo que talvez na terça podemos não estar mais aqui.
Quais são seus planos?
Viajar nas férias? Comprar um novo carro? Casar?... Ter filhos?

Se considerar minha saúde, sei que chego tranquilamente aos 80 anos, mas temo não poder testá-la.
Não temo o crime, as drogas, as doenças... Temo a mim mesmo. Assim como você...
Temo não poder controlar esses sentimentos...
Li aquele livro, sei que você o leu também. E depois de lê-lo se perguntou.. Porque ele fez isso?
Quais as razões?
Dinheiro? O suposto filho? Amor??

Não! A guerra toda aconteceu dentro dele. Os próprios sentimentos o mataram. A aflição de não ter com quem contar. A melancolia da solidão....

Pode parecer doentio, mas toda essa nossa liberdade nos sufoca. E cada vez mais nos tornamos prisioneiros dos nossos próprios corpos...

..."Em algum momento todos se sentirão sozinhos e abandonados. Só um teste incessante aos limites do corpo pode nos dar a consciência de que continuamos vivos. Se pomos o corpo a prova, não é pelo capricho fútil de saber até onde podemos ir, mas para saber onde estamos - embora aos outros possa parecer que cometemos um ato contra a natureza. E muitas vezes quando descobrimos, já é tarde. [...] ele me disse que sabia o que era a morte: um exesso que se anula. É ficar mais cansado que o cansaço permite, exeder as próprias condições, reduzir-se a menos que zero, ultrapassar as vinte e quatro horas de um dia sem chegar ao dia seguinte."...


Att,
R. S.

3 comentários:

  1. "E cada vez mais nos tornamos prisioneiros dos nossos próprios corpos..." é, realmente.

    Parabéns pelo BLOG, o texto é bem reflexivo. (:

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  2. Gostei do texto.. do titulo do blog.

    Vou seguir :)

    Ate a proxima post.

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  3. oi
    gostei do texto!
    beijos
    http://minimaintimidademaxima.blogspot.com/
    o meu é este se quiser dar uma passadinha.

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