sexta-feira, 20 de maio de 2011

Mr Jones e Eu (parte II)

'Quando todos te amam, você nunca fica só'

Nessa época eu tinha um certo fetiche por estrangeiros, e o Crows sempre atraia esse tipo de freguesia. Era um pub que eu frequentava quase sempre, caso não fosse para o Hard Candy ver o Mr Jones fazer malabares com garrafas vazias.

Nesse lugar que conheci Duritz. Eu estava de cinza, Duritz também.
Ele sussurou algo no meu ouvido quando passei por ele. Algo como "Todas as belas cores são muito, muito significantes, e cinza é minha cor preferida". Me senti simbólica.
Todos querem ser simbólicos. Ser alguém para outro alguém. E confesso que aquela frase me arrepiou a espinha.
Esqueci todos ao meu redor e só vi aquele jovem alto, barbudo e com sotaque irlandês. E mesmo não sabendo definir um sotaque irlandês, reconheci que só poderia ser...

Foi sinestésico. As outras vezes que nos vimos mais ainda. Não precisava de muito pra me convencer, e ele fez mais do que o suficiente.
Depois de três encontros já havia sido muito. Demais pra mim. Meu maior relacionamento não havia durado dois meses e envolvia mais sentimento do que 'aquilo'.
Não que Duritz fosse um cara ruim. Na verdade ele era mais do que já havia tido (ainda que não tivesse tido muito).

Tocava Dylan no violão, como se fosse o próprio. E quando atingia os graves me transportava para um lugar qualquer que não sabia dizer o que significava. E a noite seu quarto exalava um aroma de romance noir. Como se fosse o próprio Raymond Chandler.
Era perfeito.
Mas não era pra mim.

Durante o tempo que ficamos juntos parei de frequentar o Hard Candy. Foram-se 4 meses? Passou rápido demais...

Ao fim não havia mais barba e dos 2 metros restaram apenas alguns centímtros de mágoa...

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